criatividade e a guerra jpg

O que seria de nós se não fossem as guerras?

A criatividade aflora com muito mais intensidade e força quando estamos numa situação de iminente perigo. E é fácil entender porquê. Como já venho dizendo há muitos anos, a criatividade nada mais é do que uma ferramenta biológica de adaptação e, por consequência, de sobrevivência. Nosso inconsciente está sempre em estado de alerta para qualquer eventualidade. E um dos momentos mais pungentes em que este cenário se estabelece é numa guerra.

Todas as guerras são sujas, obscenas e hediondas. Porém, há um fato que não se pode negar: até os dias de hoje, têm sido, com larga margem de distância, as maiores impulsionadoras de inovação na história da humanidade. São, querendo ou não, fator decisivo na tremenda evolução tecnológica que nos acompanha desde os tempos das cavernas, ou seja, são protagonistas inegáveis de nosso salto evolutivo.

Só para corroborar esta afirmação, fiz uma pequena pesquisa, que você verá abaixo, e, sem muito esforço, encontrei 53 invenções que surgiram, de uma forma ou de outra, relacionadas ao belicismo: durante um conflito ou, em tempos de paz, mas com propósito armamentista. Algumas são óbvias e amplamente conhecidas, como o forno de micro-ondas, mas algumas são realmente surpreendentes. A maioria delas, coincidência ou não, surgiram nos Estados Unidos.

A maioria dessas invenções são utilizadas em nosso dia-a-dia com tremenda influência em nosso bem-estar, oferecendo praticidade, conforto e muitas vezes até salvando vidas, muitas e muitas vidas.

Não tem como a gente saber se elas surgiriam de qualquer jeito ou não a despeito do esforço militar, mas, certamente, demorariam muito mais para se tornar uma realidade em nossas vidas. Porém, você vai poder confirmar que algumas só existem exclusivamente por causa das guerras, sem chance de alguém ter pensado nelas sem a motivação bélica, principalmente porque elas surgiram como um efeito colateral inesperado de alguma invenção armamentista, ou seja, por acaso, como na história, de novo, do forno de micro-ondas.

Participar direta ou indiretamente de um conflito armado é uma experiência de altíssimo teor traumatizante. As mortes, as sequelas físicas e psicológicas. Os horrores da guerra deixam marcas profundas na alma das pessoas. Um sentimento inimaginável de dor e sofrimento. Não existe guerra sem flagelo, sem luto, sem destruição – de edificações e de pessoas.

Mas eu gostaria de propor algumas provocações, pedindo que você analise a situação de forma pragmática e racional, não se deixando levar pela óbvia imoralidade inerente às guerras.

  1. Se você pudesse escolher entre a eliminação de todas as guerras ou a eliminação de todas as inovações abaixo, o que escolheria?
  2. Se fosse possível contabilizar todas as pessoas que morreram em guerras e todas as que foram salvas graças às inovações abaixo, qual seria o grupo maior estatisticamente falando: as pessoas que morreram em guerras ou aquelas que foram salvas por alguma invenção surgida como esforço militar?
  3. Do ponto de vista prático, vale a pena a humanidade entrar em guerra de vez em quando para poder evoluir mais rápido e eventualmente salvar mais vidas, ou é melhor evitar qualquer tipo de conflito armado e esperar por inovações por muito mais tempo? Ou até mesmo a absoluta impossibilidade do surgimento de algumas?

Coloque nos comentários o que você acha.

53 inovações trazidas pelas guerras

E aqui vai uma pequena amostra do que o esforço de guerra trouxe para a humanidade. Nem todas são historicamente comprovadas, algumas levam o rótulo de lendas, mas a maioria está dentro da lógica que eu quis apresentar aqui.

1) Batatas Pringles

O Corpo de Intendentes do Exército dos EUA colaborou com o Departamento de Agricultura para desenvolver flocos de batata desidratados e, desse projeto, nasceram as batatas Pringles.

2) Inseticida em Spray

DEET, o ingrediente ativo em alguns repelentes de insetos, foi desenvolvido pelo Exército dos EUA em 1946 para uso por militares em áreas infestadas de insetos.

3) Absorventes Femininos Descartáveis

Durante a Primeira Guerra Mundial, a empresa de produtos de papel Kimberly-Clark desenvolveu o Cellucotton, um material feito de polpa de madeira, mais absorvente e mais barato para se utilizar nos ferimentos. Quando a guerra acabou, e empresa criou Kotex, os primeiros absorventes higiênicos descartáveis, depois de saber que enfermeiras do Exército estavam usando as bandagens de Cellucotton de forma improvisada para este fim.

4) Pilates

Um preparador físico alemão, Joseph Hubertus Pilates, criou exercícios de reabilitação para ajudar soldados austríacos feridos. Para permitir que aqueles que estavam confinados às suas camas se exercitassem, Pilates usou molas e tiras das camas como treinamento de resistência.

5) Vitaminas

Durante a Primeira Guerra Mundial, os cientistas começaram a descobrir como esses diferentes componentes nutricionais poderiam beneficiar a saúde dos soldados. Essa ideia foi colocada em prática na comida oferecida nos campos de batalha, incluindo o uso frequente de tomate.

6) Silver Tape

A fita icônica foi inventada por uma mulher chamada Vesta Stoudt que queria salvar a vida dos soldados na Segunda Guerra Mundial pois tinha dois filhos servindo na Marinha dos EUA. Quando a ideia foi aprovada pelo governo foi solicitado à Revolite (então uma divisão da Johnson & Johnson) que desenvolvesse essa fita adesiva especial, que deveria ser muito resistente e a prova d’água. Curiosamente, a fita original era fabricada apenas na cor verde. Até hoje, os soldados ainda usam a Silver Tape para fazer tudo, desde consertar equipamentos até remendar calçados.

7) Fornos de micro-ondas

O forno de micro-ondas foi inventado por acidente. Em 1946, um engenheiro da Raytheon chamado Percy Spencer estava testando um magnetron de nível militar, um tubo usado em radares, e percebeu seu lanche tinha derretido. Ele fez alguns testes colocando ovos e grãos de milho sob este tubo. Os ovos esquentaram e o milho estourou, virando pipoca. Um ano depois, o primeiro micro-ondas comercial usando essa tecnologia chegou ao mercado.

8) Óculos de aviador

O Corpo Aéreo do Exército dos EUA contratou a Bausch & Lomb na era pós-Primeira Guerra Mundial para criar óculos de proteção solar para os pilotos, pois, à medida que eles voavam mais alto e mais longe, o brilho do sol se tornava um problema sério. As lentes em forma de lágrima foram projetadas para cobrir completamente os olhos, protegendo os olhos dos pilotos do sol em grandes altitudes.

9) Boeing 747

O Boeing 747 é um dos dois maiores aviões civis do mundo aproveita a tecnologia do motor high-bypass que foi originalmente desenvolvida para o avião de transporte militar da Boeing, o C-5A.

10) Liofilização

O processo de liofilização foi originalmente inventado em 1906, mas foi usado cada vez mais durante a Segunda Guerra Mundial, quando o soro sanguíneo foi liofilizado para evitar que se deteriorasse durante o transporte. Isso permitiu o tratamento médico dos feridos e salvou inúmeras vidas.

Nos anos que se seguiram, a técnica de liofilização desenvolveu-se ainda mais no processamento de alimentos, fabricação de produtos farmacêuticos, fabricação de cerâmica, produção de sintéticos e muito mais.

11) Computadores

Todos os computadores modernos descendem de sistemas que foram concebidos e construídos pelo Laboratório de Pesquisa do Exército para atender às urgentes necessidades militares. Seu antecessor, o Ballistics Research Laboratory, se envolveu com o desenvolvimento da computação já em meados da década de 1930.

12) Concentrado de suco congelado

Uma equipe de cientistas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos desenvolveu um suco de laranja concentrado e congelado em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, como forma de garantir que os soldados recebessem vitamina C suficiente. O suco nunca chegou às tropas, mas Minute Maid o trouxe para o mercado.

13) Tecnologia GPS

A tecnologia do GPS (Sistema de Posicionamento Global, em português) foi usada pela primeira vez na década de 1960 pela Marinha dos EUA para rastrear submarinos que transportavam mísseis nucleares por meio de uma combinação de satélites e sinais de rádio.

14) Internet

O primeiro protótipo viável da internet foi a Advanced Research Projects Agency (ARPA) Network, criada no final dos anos 1960 com financiamento do Departamento de Defesa dos EUA. A ARPANET usava comutação de pacotes para permitir que vários computadores se comunicassem entre si em uma única rede.

15) Cheetos

O pó de queijo desidratado que dá sabor ao Cheetos foi originalmente desenvolvido pelo Exército como forma de reduzir o peso e o volume de alimentos enviados para o exterior. Quando a Segunda Guerra Mundial terminou, o Exército vendeu sua tecnologia de desidratação de queijo para fabricantes, e a Frito-Lay a usou para criar Cheetos em 1948.

16) Energia nuclear

Antes e durante a Segunda Guerra Mundial, pesquisadores que faziam parte do Projeto Manhattan trabalharam no aproveitamento do poder do átomo e da tecnologia nuclear para o desenvolvimento da bomba atômica. Em 1950, descobriu-se que era uma fonte viável de eletricidade para uso comercial.

17) Super Cola

Em 1942, enquanto testava uma variedade de compostos para uso em uma mira de rifle de plástico, o Dr. Harry Coover, um químico da Eastman Kodak, acidentalmente criou um composto mais tarde comercializado como Super Cola. O material era incrivelmente durável, mas foi descartado por ser muito pegajoso. A Super Cola foi vendida pela primeira vez como um produto comercial em 1958. O produto acabou sendo adotado por cirurgiões militares durante a Guerra do Vietnã, que o pulverizavam sobre as feridas para parar o sangramento instantaneamente. Acredita-se que a Super Cola também deixava menos cicatrizes. A primeira versão podia causar irritações e infecções na pele, mas salvou muitas vidas.

18) Walkie-Talkies

Embora os telefones celulares tenham substituído os walkie-talkies, algumas empresas ainda dependem deles para se comunicar – e o telefone celular moderno provavelmente descende dessa tecnologia militar. O rádio portátil bidirecional foi usado pela primeira vez na Segunda Guerra Mundial e foi inventado pela Galvin Manufacturing Corp.

19) WD-40

O WD-40 é um conhecido lubrificante comercial, mas seu primeiro uso foi para proteger a superfície externa do Míssil Atlas contra ferrugem e corrosão. O solvente e desengordurante de prevenção de ferrugem foi criado pela Rocket Chemical Co. em 1953. Após muitas tentativas de criar uma fórmula bem-sucedida, chegaram ao WD-40, sendo que o WD significa “deslocamento de água” (water displacement), e o “40” significa as 40 tentativas necessárias para se chegar à fórmula final.

20) Plasma do sangue

Durante a Segunda Guerra Mundial, um cirurgião americano chamado Charles Drew padronizou a produção de plasma sanguíneo para uso médico. Ao contrário do sangue total, o plasma pode ser administrado a qualquer pessoa, independentemente do tipo sanguíneo, facilitando sua aplicação no campo de batalha. Salvou a vida de centenas de soldados durante a Segunda Guerra Mundial e continua a salvar vidas hoje.

21) Vacina contra gripe

A pandemia de gripe de 1918 e 1919 teve um grande efeito na Primeira Guerra Mundial e motivou os militares dos EUA a desenvolver a primeira. Os cientistas começaram a isolar os vírus na década de 1930 e, na década de 1940, o Exército dos EUA ajudou a patrocinar o desenvolvimento de uma vacina, aprovando-a para uso militar em 1945 e para uso civil em 1946.

22) Penicilina

Antes do uso generalizado de antibióticos como a penicilina, mesmo pequenos cortes e arranhões podiam levar a infecções mortais. O cientista escocês Alexander Fleming descobriu a penicilina em 1928, mas foi na Segunda Guerra Mundial que começou a ser produzida em massa como tratamento médico. A droga reduzia a dor, aumentava a chance de sobrevivência e tornava mais fácil o cuidado a soldados no campo de batalha. Os Estados Unidos consideraram a droga tão crítica para o esforço de guerra que, para se preparar para os desembarques do Dia D, o país produziu 2,3 milhões de doses de penicilina para as tropas aliadas. Após a guerra, os civis também tiveram acesso a essa droga que salva milhões de vidas até hoje.

23) M&M’s

Em 1932, Forrest Mars, filho do criador do chocolate Mars, mudou-se para a Inglaterra para fabricar chocolates para as tropas britânicas. Ele notou os soldados comendo bombons de chocolate cobertos com “açúcar duro” para evitar que o chocolate derretesse. Mars procurou outro famoso herdeiro, Bruce Murrie, filho do executivo da Heshey, William Murrie. Juntos, Mars & Murrie (M&M) começaram a produzir o produto nos Estados Unidos.

Quando os EUA entraram na guerra, o M&M foi produzido exclusivamente para os militares como rações fáceis de transportar, que “derretia na boca, não na mão”. Apenas após o fim da guerra, a Mars Inc. começou a fabricar M&M’s para o público.

24) Cabines Pressurizadas

Em altitudes muito altas, o ar se torna rarefeito demais para respirar, e a temperatura fria pode deixar a pessoa hipotérmica. Em 1944, em um esforço para resolver esse problema, engenheiros estadunidenses desenvolveram as primeiras cabines pressurizadas produzidas em massa na fortaleza voadora B-29, permitindo que os aviões voassem mais alto que seus adversários. Após a guerra, a cabine pressurizada tornou-se um padrão para aviões comerciais.

25) Motores a jato

Enquanto os Aliados estavam desenvolvendo a cabine pressurizada, os alemães estavam ocupados desenvolvendo o motor a jato moderno. O primeiro avião a jato, o Heinkel HE 178, decolou em 1939, e o primeiro avião de combate a jato, o ME 262, participou de uma breve batalha no final da Segunda Guerra Mundial.

26) Borracha sintética

O cientista americano Waldo Semon, enquanto trabalhava para a empresa B.F. Goodrich, desenvolveu Ameripole, uma borracha sintética barata que permitiu aos Estados Unidos subsidiar suas reservas de borracha durante a Segunda Guerra. Desde então, borracha sintética e óleo têm sido usados em tudo, desde combustível sólido de foguete até plásticos no smartphone.

27) Comida em lata

A ideia de alimentos que podem durar mais não é um conceito novo. Por volta de 1810, o governo francês ofereceu uma grande recompensa em dinheiro para quem conseguisse encontrar uma maneira barata de preservar grandes quantidades de alimentos oferecidos à suas tropas. Um investidor descobriu que a comida cozida dentro de uma jarra não estragava a menos que os selos vazassem. Durante a Primeira Guerra Mundial, a produção de alimentos enlatados permitiu ao exército transportar grandes quantidades de alimentos sem o risco de estragarem.

28) Cirurgia plástica

Durante o auge da Primeira Guerra Mundial, um jovem marinheiro britânico chamado Walter Yeo foi ferido horrivelmente na Batalha da Jutlândia em 1916. Suas pálpebras superiores e inferiores foram queimadas. Quase um ano depois, ele foi levado à ala de lesões faciais, fundada pelo pai da cirurgia plástica moderna, Harold Gillies. Em 1917, ele realizou o que é conhecida como a primeira cirurgia plástica do mundo, enxertando um retalho de pele sobre as feridas. Dr. Harry Gillies desenvolveu as técnicas para reconstruir rostos depois que tantos narizes foram perdidos e realizou mais de 11.000 cirurgias plásticas em feridos durante a guerra.

29) Pão de forma fatiado

O pão de forma caseiro não tem uma longa vida útil, o que causou muitos problemas quando os EUA enviou milhares de soldados para o a Segunda Guerra Mundial. Os cientistas militares, então, criaram aditivos anti-envelhecimento para garantir que os alimentos durassem mais tempo.

30) A câmera digital

Uma coisa comum do dia-a-dia, que na verdade é um derivado da tecnologia militar, é a câmera digital. Elas foram originalmente projetadas para missões de vigilância aérea e espacial, capturando imagens de alta resolução de ativos e instalações inimigas. Elas foram desenvolvidas durante as décadas de 1960 e 1970, no auge da Guerra Fria. Uma das primeiras câmeras digitais comercialmente disponíveis foi lançada na década de 1980 e elas aparecem pela primeira vez em telefones celulares no início dos anos 2000.

31) Ambulâncias

Por volta de 1487, as primeiras ambulâncias apareceram no campo de batalha, utilizadas pelo exército espanhol para resgatar soldados feridos em zonas de guerra. Elas geralmente não eram enviadas até que a batalha terminasse, então muitos morreram esperando para serem salvos. O uso de ambulâncias mudou muito quando os veículos motorizados foram introduzidos sendo rapidamente adotadas na vida civil.

32) Drones

O conceito de drone não é novo. O primeiro uso registrado é em meados de 1800, quando as forças austríacas lançaram centenas de balões incendiários enquanto sitiavam Veneza. Durante o início dos anos 1900, os primeiros drones também foram desenvolvidos para fornecer prática de tiro ao treinamento de militares.

A tecnologia foi desenvolvida durante a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, com a Força Aérea dos EUA iniciando pesquisas em aeronaves não tripuladas já na década de 1950. Os drones, como os vemos hoje, foram implantados pela primeira vez na década de 1990, com alguns dos primeiros exemplos sendo usados na Guerra do Golfo de 1991.

Os drones comerciais começariam a aparecer em meados dos anos 2000.

33) O serviço postal

Genghis Khan é creditado por criar o primeiro serviço de correio. A rota envolvia uma série de postos e estações de passagem, que permitiam aos soldados descansar ou assumir uma nova montaria, e permitir que informações e mercadorias viajassem mais rápido.

34) Margarina

Na época da Guerra das Canhoneiras, quando a vitória britânica era iminente, Napoleão III pensou em maneiras de oferecer à sua marinha um substituto barato da manteiga. Organizou um concurso e ofereceu um prêmio para quem pudesse criar uma alternativa. O químico francês Hippolyte Mge-Mouris, usou o ácido de Chavreul e ganhou o prêmio.

35) Visão noturna

Durante a Segunda Guerra Mundial, o exército alemão foi o primeiro a desenvolver dispositivos militares de visão noturna. Em meados da década de 1940, os primeiros escopos de visão noturna e telêmetros foram montados em tanques Panther e chegaram ao campo de batalha. Um sistema de visão noturna menor e portátil foi posteriormente montado nos fuzis de assalto Sturmgewehr 44, dando os primeiros passos para o uso militar generalizado. A visão noturna chegou ao mundo civil em câmeras e também em carros para melhorar a segurança à noite.

36) Realidade virtual

Em 1979, os militares produziram o primeiro simulador de voo com visor montado na cabeça. Usando o simulador, os pilotos podem treinar e praticar caças a jato sem o risco de colidir com um dos caríssimos aviões.

37) Tecnologia de rádio

Macroni Bellini-Tosi estava pesquisando ondas de rádio quando chegou ao Reino Unido em 1896. Até a Primeira Guerra Mundial, ele trabalhou com a marinha e o exército para testar se as ondas de rádio poderiam ser colocadas em uso prático.

Então ele criou uma maneira de detectar as posições das estações inimigas, pela qual a tecnologia também seria usada para rastrear a posição de submarinos, navios e zepelins inimigos.

38) Fanta

Quando os EUA entraram em guerra contra o Japão e a Alemanha, a Coca-Cola foi obrigada a parar de exportar o refrigerante para sua filial alemã. Max Keith, chefe da empresa na época, decidiu fazer um produto usando ingredientes disponíveis no momento: sobras de frutas, como cascas de maçã, por exemplo, e criou uma nova marca. Após o final da guerra, foi para os EUA como executivo da empresa e a Fanta foi incorporada a sua linha de produtos.

39) Próteses

Assim como a cirurgia plástica, as próteses foram criadas durante a Primeira Guerra Mundial para ajudar soldados com ferimentos devastadores. Os alemães eram líderes em próteses, que existiam antes da guerra, mas evoluíram muito durante e após a guerra por causa do número substancial de membros que foram perdidos.

40) Bancos de sangue

As transfusões de sangue datam de 1600, mas os médicos raramente as realizavam antes da Primeira Guerra Mundial, quando eram realizadas diretamente de uma pessoa para outra. O capitão Oswald Robertson, um médico da Reserva do Exército dos EUA que prestava consultoria ao exército britânico, reconheceu a necessidade de estocar sangue antes que ocorressem baixas. Em 1917, ele ajudou a estabelecer o primeiro banco de sangue na frente ocidental.

41) Trench Coats

Enquanto Charles Macintosh inventou agasalhos à prova de intempéries cerca de um século antes da Primeira Guerra Mundial, Burberry e Aquascutum modernizaram o design para manter os oficiais britânicos aquecidos e secos, criando a capa de gabardine. Hoje, muitos modelos vêm com abas e anéis que foram originalmente criados para proteger pistolas, estojos de mapas e até espadas.

42) Zíper

O zíper não foi produzido em massa até a Primeira Guerra Mundial, quando os militares dos EUA solicitaram macacões e cintos de dinheiro, que eram uma necessidade para os marinheiros estadunidenses já que seus uniformes não tinham bolsos.

43) Quimioterapia

Após a Primeira Guerra Mundial, autópsias de soldados mortos por gás mostarda mostraram que ele danificava a capacidade do corpo de produzir glóbulos brancos. Outras pesquisas sobre armas químicas durante a Segunda Guerra Mundial sugeriram que poderia fazer a mesma coisa com células cancerígenas.

Ironicamente, um produto químico derivado de uma arma química tão devastadora que acabou sendo proibida, tornou-se o primeiro medicamento quimioterápico contra o câncer, usado experimentalmente em 1942.

44) Wi-Fi

Embora Hedy Lamarr tenha alcançado fama internacional como estrela de Hollywood, ela tinha um hobby: inventar. O maior triunfo científico de Lamarr foi destinado à Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial: um repetidor de sinais Wi-Fi que foi usado para guiar mísseis controlados por rádio debaixo d’água de forma que o inimigo não conseguisse detectá-los.

45) Aerosol

Um pouco antes da Segunda Guerra, em 1927, o engenheiro norueguês Erik Rotheim patenteou a primeira lata de aerosol com uma válvula que poderia conter e dispensar produtos. Mas foi durante a guerra que o governo dos Estados Unidos financiou uma pesquisa para pulverizar pesticidas em insetos transmissores da malária.

Em 1943, os pesquisadores do Departamento de Agricultura, Lyle Goodhue e William Sullivan, desenvolveram um aerosol que podia ser pressurizado com gás liquefeito. Foi esse projeto que fez surgir produtos como sprays de cabelo e desodorantes, mas trouxe como efeito colateral a destruição da camada de ozônio.

46) Mola Maluca

Foi inventada durante a Segunda Guerra Mundial. Seu criador, o engenheiro naval Richard James, desenvolveu a ideia do brinquedo quando uma mola de torção, usada principalmente para testar a potência de navios de guerra, rolou de sua mesa e se movimentou pelo chão em sua forma característica. O que antes era usado para determinar a força naval tornou-se um sucesso instantâneo para as crianças. A invenção virou brinquedo na década de 40.

47) Sachês de chá

Diz a lenda que em 1908, Thomas Sullivan, um comerciante de chás, decidiu enviar a potenciais clientes algumas amostras das suas folhas em pequenos sacos de seda. Os clientes, erroneamente, presumiram que os sacos deveriam ser colocados diretamente na água quente e… funcionou.

A invenção acidental de Sullivan foi adaptada durante a Primeira Guerra com saquinhos de chá de gaze feitos à mão enviados para a frente de batalha, tornando-se popular entre os soldados. A produção comercial começou mais tarde nos EUA e na Alemanha durante a década de 1920, com os sacos de gaze sendo substituídos por papel perfurado.

48) Lenços de papel

Outra invenção não intencional. Ao tentar desenvolver filtros para uso em máscaras de gás durante a Primeira Guerra Mundial, os cientistas da Kimberly-Clark criaram uma forma achatada de Cellucotton. Cerca de dois anos após o fim da guerra, eles revisitaram o material e deram passos em direção ao lenço de papel que conhecemos hoje, substituindo o Cellucotton por celulose para deixar o papel mais macio.

49) Aço Inoxidável

Durante a Primeira Guerra, os militares britânicos estavam enfrentando um sério problema: os canos das armas distorciam por causa do atrito e calor das balas.

O metalúrgico Harry Brearley começou examinando a adição de cromo ao aço, e, diz a lenda, que ele jogou fora alguns dos resultados de seus experimentos considerados como fracassos formando uma pilha de sucata. Brearley teria notado mais tarde que essas amostras descartadas não tinham enferrujado. Ele havia descoberto o aço inoxidável.

Na Primeira Guerra Mundial foi usado em alguns dos novos motores aeronáuticos – mas realmente se destacou como facas, garfos e colheres e os inúmeros instrumentos médicos dos quais os hospitais dependem até hoje.

50) Panela Teflon

Em 1938, o químico Roy Plunkett realizava experiências com gases para refrigeração. Por acaso, uma amostra virou uma substância pegajosa, em que quase nada grudava. Em 1945, a invenção recebeu o nome de teflon. Os primeiros usuários do novo produto foram os militares americanos, que aplicaram o teflon para revestir tubos e vedações.

51) Leite condensado

Antes de 1856, o leite só era disponível fresco. Isso representava um grande problema para os navios, por exemplo, pois durante viagens mais longas, eles tinham que transportar rebanhos de vacas para produzir o leite fresco necessário para os passageiros, especialmente crianças pequenas. Gail Borden estava em uma dessas viagens e viu crianças morrendo devido à falta de leite ou ao consumo de leite estragado.

As fábricas abertas por Borden não vingaram até que na Guerra Civil estadunidense, o Exército da União na busca por rações não perecíveis e fáceis de transportar para suas tropas, encontrou no leite condensado a solução de seu problema.

Alguns historiadores creditam a vantagem do Norte na tecnologia de alimentos como sendo um fator decisivo no resultado da Guerra Civil, e citam especificamente o papel relevante de Gail Borden.

52) Fertilizantes

Pouco antes da Primeira Guerra, os químicos alemães Fritz Haber e Carl Bosch desenvolveram um processo para converter o nitrogênio atmosférico em uma forma biologicamente disponível (amônia), utilizando em alta pressão e temperatura. Isso permitiu que a Alemanha produzisse nitratos artificiais para criar explosivos, como o TNT.

E foi esse mesmo processo que acabou sendo adotado para a fabricação de fertilizantes a base de nitrato, que sustentam a agricultura industrial em grande escala até os dias de hoje.

53) Horário de verão

A primeira utilização do horário de verão foi na Alemanha, em 1916, durante a Primeira Guerra para ganhar uma hora extra de luz e economizar o carvão.

Henrique Szklo
[email protected]